Uma mensagem tem se popularizado nas redes sociais recentemente: uma frase feita que diz que "o cara que inventou o casamento estava muito louco por querer envolver Deus e o Estado no amor". Quanto ao Estado, de fato é questionável o grau de intervenção que este busca em uma instituição que é mais antiga, mais nobre e mais importante que ele, mas sobre Deus se demonstra um desconhecimento do Amor, de Deus e fundamentalmente do Homem. O "cara" que criou o casamento foi Deus, e o fez duas vezes: uma vez no paraíso da plenitude natural de nossos primeiros pais, e a segunda quando o elevou a plenitude no Sacramento, que não pode ser separada do casamento cristão (826 e 830 do Catecismo de Pio X). Deus estava Louco?
O que faz com que o casamento tenha essa sacralidade? Por que, como retrata o padre Luiz Carlos Lodi da Cruz (Descobrindo a Castidade), é tão importante que os impulsos carnais sejam submetidos à razão? Não é só uma questão social, o Padre nos diz que a palavra sexo indica uma cisão na natureza do indivíduo(do latim secare, cortar). Os dois são parte de um todo. O mandamento que protege a pureza vem logo depois do mandamento que protege a vida porque o ato conjugal é doador dela, e porque a criança tem o direito de ser gerada pela doação integral do pai para a mãe e vice versa (Catecismo da Igreja Católica, 2376 até 2379). O filho é um dom, o amor que o gera também um dom, e a família que nasce com ele é um dom. Todas as pontas desse processo devem ser protegidas para que a essência do ser humano seja respeitada.
Alice Von Hildebrand, em suas "Cartas para uma Jovem noiva", trata de como o casamento é um feito de coragem impossível para aqueles que não são capazes de tomar um passo que ameace a sua segurança. Isso fica evidente quando vemos o discurso que se multiplica nas vlogueiras e outros formadores de opinião: "não posso ter filhos, não posso prometer ser fiel a alguém porque posso simplesmente acordar e deixar de amar essa pessoa, e tenho de pensar no meu sucesso antes de tudo isso".
O amor, segundo a Humanae Vitae (8), não é fruto do acaso ou de forças inconscientes, é uma criação sapiente do Criador para realizar o seu desígnio de amor na humanidade, é uma doação exclusiva e recíproca. Sobre o Sexo, João Paulo II fala em suas Catequeses da Teologia do Corpo (21 de Novembro de 1979) que o masculino e o feminino são duas encarnações de uma mesma solidão, o sexo é parte da constituição do ser humano, não um mero atributo (ou um mero brinquedo, devo acrescentar).
O casamento não é uma mera coabitação, não é uma mera parceria, mas é o lugar para que a alma se complete e encontre Paz. É o Cristo que beija a Cruz, instrumento de sua morte, pois só quer viver e reinar se tiver sob suas asas a sua Esposa e sua Prole (sua Igreja Doméstica). Em algumas Igrejas Católicas Orientais, como a Ucraniana, a liturgia de casamento inclui a coroação do Noivo e da Noiva. Eles constituem sua pequena pátria, seu pequeno éden, seu resto de Paraíso Terestre como diria Hildebrand. Afinal, Victor Hugo já dizia que o homem está onde termina a Terra, e a mulher onde começa o Céu. Ao Senhor pertence a terra e tudo que ela encerra, isso inclui o amor que Dele flui como dom.
Existe loucura mais adorável?